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Variedade Quinta-feira, 26 de Junho de 2025, 15:24 - A | A

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Patrimônio

Como sua emoção pode sabotar seu patrimônio, segundo especialista em investimento

Ações impulsivas, influência das redes sociais e falta de planejamento de longo prazo podem ser um dos maiores vilões dos investidores, destaca Henrique Barros, fundador da Invés e especialista em investimentos

Divulgação

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Em momentos de incerteza no mercado financeiro, a maioria dos investidores sente um impulso incontrolável para agir. Comprar, vender, movimentar a carteira – qualquer coisa para "fazer algo" e evitar perdas. Mas será que essa é realmente a melhor estratégia? Esse fenômeno, conhecido como viés de ação, é um dos principais inimigos do investidor moderno.

Segundo o fundador da Invés e especialista em investimentos, Henrique Barros, muitas vezes, a melhor decisão é justamente não agir. "O mercado financeiro é repleto de armadilhas emocionais, e o viés de ação é uma das mais perigosas. Assim como um goleiro que pula para os lados sem necessidade, muitos investidores se sentem compelidos a agir, mesmo quando a inação seria mais rentável", explica.

Essa tendência de agir impulsivamente pode ser comprovada por pesquisas acadêmicas. Um estudo publicado pela Revista de Contabilidade e Finanças da USP identificou que os sentimentos racionais e irracionais dos investidores afetam diretamente o retorno e a volatilidade do mercado brasileiro. Em momentos de grande instabilidade, segundo o estudo, investidores são mais propensos a agir movidos por emoções, o que pode resultar em decisões prejudiciais.

Nos últimos anos, as redes sociais se tornaram um dos principais catalisadores desse comportamento. Investidores são bombardeados por histórias de ganhos rápidos e estratégias aparentemente infalíveis. O Fear of Missing Out (FOMO), ou "medo de ficar de fora", tornou-se um grande problema.

“Esse fenômeno psicológico, caracterizado pela ansiedade de perder uma oportunidade valiosa, leva a decisões impulsivas. No contexto dos investimentos, acontece quando investidores tomam decisões baseadas no medo de perder ganhos rápidos, muitas vezes motivados por histórias de sucesso compartilhadas nas redes sociais ou pela alta de determinados ativos. Isso pode levá-los a comprar na alta, quando o mercado já precificou uma valorização, ou a vender precipitadamente por receio de perder dinheiro”, alerta Barros.

Dois estudos analisaram o comportamento dos investidores. O primeiro, publicado na Revista Mackenzie de Administração, identificou que investidores reagem de forma assimétrica às variações momentâneas do mercado, amplificando oscilações e criando ciclos intensos de alta e baixa. Já o segundo, feito pelo professor José Carlos de Souza Santos, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, focado em mercado de ações, revelou que o volume de compra e venda está mais relacionado ao retorno passado do que ao retorno futuro, indicando que investidores tendem a reagir a eventos passados em vez de tomar decisões fundamentadas.

O cenário econômico volátil tende a aumentar a tentação de decisões impulsivas, mas Henrique Barros alerta que agir por emoção pode prejudicar o patrimônio. “A chave para proteger os investimentos está em adotar uma estratégia disciplinada, evitando movimentos precipitados influenciados pelas oscilações do mercado. O modelo de investimento baseado em objetivos específicos, onde os ativos são alocados conforme metas de longo prazo, é o mais assertivo. Ao entender a finalidade de cada investimento, como a aposentadoria em 2040 ou a realização de uma viagem no ano que vem, o investidor consegue resistir às flutuações diárias e manter a calma. A paciência e a disciplina são essenciais para construir um patrimônio sólido ao longo do tempo”, finaliza o especialista.




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