Imagine acordar de manhã e saber exatamente quais alimentos vão turbinar sua energia, evitar doenças e melhorar o seu humor. Essa não é uma promessa distante, mas uma realidade possível graças à nutrigenética. Como o próprio nome diz, esse campo une a nutrição com a genética para criar planos alimentares personalizados.
Essa área da nutrição compreende como as variantes genéticas de cada indivíduo interagem com os nutrientes, ajudando a adaptar uma alimentação mais precisa, de acordo com as necessidades de cada um.
Cada pessoa é única devido às pequenas variações no DNA, o que influencia na resposta aos alimentos e nas predisposições a certas condições de saúde. Segundo informações da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o termo nutrigenética é utilizado para denominar uma especialidade genômica que estuda a interação entre essas variantes genéticas e o metabolismo dos nutrientes.
Para identificar essas informações, os indivíduos precisam fazer testes genéticos, exames que avaliam todas as variantes genéticas e a forma como o organismo interage e reage com determinados alimentos.
O que o teste genético detecta auxilia na elaboração de um plano alimentar individualizado. Entre as informações obtidas estão desde a ancestralidade de um indivíduo até a predisposição para certas doenças, passando pelas necessidades nutricionais. Esse tipo de teste pode ser feito em casa, apenas com algumas gotas de saliva.
Benefícios da Nutrigenética
Conforme explica a Universidade Cesumar, a nutrigenética tem como objetivo personalizar um plano alimentar para melhorar a saúde, reduzir deficiências nutricionais e prevenir o risco de doenças relacionadas a fatores nutricionais.
Para indivíduos com intolerâncias alimentares ou doenças metabólicas, a nutrigenética pode ser especialmente importante, uma vez que ajuda não só na identificação da condição, como também na adoção de uma dieta que melhore a qualidade de vida.
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com intolerância à lactose, ao consumirem uma quantidade de leite ou uma porção de alimentos com lactose, podem ter diarreia, dor abdominal, gases, vômitos, refluxos e outros sintomas.
Identificação de deficiências nutricionais
Outro aspecto benéfico da nutrigenética é a identificação de deficiência de vitamina B12 e outros nutrientes. Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, os indivíduos com deficiência nutricional podem ter vários sintomas, como palidez, cansaço, câimbras, dores ósseas, visão embaçada e pele ressecada, o que pode causar doenças graves para a saúde, como câncer, diabetes, problemas cardíacos, anemia, infecções e baixa imunidade.
Em entrevista à imprensa, o nutricionista Fábio Bicalho explica que, a partir do teste genético, é possível incluir alimentos funcionais na dieta para evitar essas e outras complicações.
Um exemplo dado pelo profissional é de uma pessoa com baixa absorção de vitamina A. Nesse caso, o paciente pode futuramente desenvolver degeneração muscular. Com a nutrigenética, é possível combater essa deficiência, reduzindo os riscos da condição.
Há ainda, de acordo com ele, casos de pessoas que metabolizam melhor alguns tipos de nutrientes. Com esse conhecimento, é possível fazer um plano alimentar que seja mais eficiente no alcance de resultados. Quem metaboliza melhor os carboidratos, por exemplo, pode direcionar a dieta para aumentar a massa muscular e diminuir o peso ao invés de ganhar em excesso.
Nutrigenética ou nutrigenômica: entenda a diferença
É importante destacar que existe outro campo da nutrição que apresenta um nome parecido com a nutrigenética: a nutrigenômica. Conforme a UFJF, enquanto a nutrigenética aborda as diferenças entre os indivíduos referente às suas reações a um nutriente ou uma dieta específica, a nutrigenômica estuda os diferentes nutrientes em relação às mudanças que podem causar na expressão gênica, processo pelo qual a informação hereditária contida em um gene se manifesta.