logomarca
Cuiabá, 02 de Maio de 2025.

Mulher em Destaque Quarta-feira, 02 de Abril de 2025, 18:22 - A | A

Quarta-feira, 02 de Abril de 2025, 18h:22 - A | A

TEA

Autismo em mulheres: diagnóstico tardio e desafios invisíveis

Divulgação

IMG_2135.jpeg

 

Por décadas, o autismo tem sido amplamente associado ao sexo masculino, com estudos apontando que a condição é diagnosticada quatro vezes mais em meninos do que em meninas. No entanto, pesquisas mais recentes indicam que essa diferença pode ser menor do que se imaginava, já que muitas mulheres autistas passam a vida sem diagnóstico ou recebem diagnósticos errados. O motivo? O próprio sistema de identificação do transtorno foi desenvolvido com base em estudos sobre meninos, ignorando as particularidades femininas.

Enquanto os sinais clássicos do autismo em meninos incluem dificuldades evidentes na comunicação e interações sociais, padrões restritos de comportamento e interesses intensos por temas específicos, muitas meninas autistas desenvolvem habilidades para camuflar suas dificuldades. Desde pequenas, são incentivadas a imitar o comportamento social das outras pessoas, mascarando seus desafios e fazendo um esforço constante para se encaixar. Esse esforço, porém, tem um custo alto, resultando em exaustão mental, ansiedade e sensação de inadequação. Muitas dessas mulheres passam a infância sendo vistas apenas como tímidas ou introspectivas, e, quando enfrentam dificuldades emocionais, acabam recebendo diagnósticos errados, como ansiedade, depressão ou transtorno de personalidade.

Além do impacto psicológico, a falta de reconhecimento do autismo feminino também pode aumentar a vulnerabilidade a abusos e relações tóxicas. Muitas mulheres autistas relatam dificuldades em interpretar segundas intenções ou perceber sinais de manipulação, tornando-se alvos fáceis para pessoas mal-intencionadas.

Embora as mulheres autistas possam apresentar interesses intensos, eles geralmente são socialmente mais aceitos do que os dos meninos. Enquanto os garotos podem se apegar a temas como trens ou números, as meninas podem se aprofundar em literatura, psicologia, animais ou artes, o que muitas vezes faz com que sua neurodivergência passe despercebida.

A sensibilidade sensorial também é um fator relevante. Muitas mulheres autistas relatam reações intensas a barulhos, cheiros, luzes ou texturas, tornando ambientes como escolas e locais de trabalho extremamente desgastantes. Além disso, a tendência a internalizar emoções pode levar a crises emocionais silenciosas, aumentando os riscos de desenvolver transtornos psicológicos como ansiedade e depressão.

Na vida adulta, a falta de diagnóstico pode dificultar a adaptação ao mercado de trabalho, onde as demandas sociais e sensoriais podem ser exaustivas. Muitas mulheres autistas também enfrentam dificuldades para identificar amizades tóxicas e relações abusivas, o que agrava ainda mais os desafios cotidianos.

Estudos apontam que mulheres autistas têm três vezes mais chances de desenvolver transtornos como ansiedade e depressão, e quase 80% delas relatam já ter sofrido algum tipo de abuso emocional, físico ou sexual. O reconhecimento do autismo feminino não apenas facilita o acesso a diagnósticos mais precisos, mas também ajuda a garantir suporte adequado e evitar sofrimento desnecessário. À medida que a ciência avança e a sociedade se torna mais consciente sobre a diversidade neurológica, espera-se que mais mulheres autistas sejam identificadas e compreendidas, permitindo que vivam com mais qualidade e autonomia.




Comente esta notícia