Em alusão ao Dia do Orgulho Autista, celebrado em 18 de junho, a vereadora Maysa Leão (Republicanos) cedeu espaço na Tribuna da Câmara Municipal de Cuiabá ao professor universitário, cientista e escritor Felipe Thomaz Aquino. Autista diagnosticado tardiamente, Felipe compartilhou sua trajetória e trouxe reflexões profundas sobre o autismo na vida adulta e o papel da ciência na inclusão.
Durante a fala, Felipe destacou o impacto do diagnóstico em sua vida pessoal e profissional, e ressaltou a importância de espaços de escuta e acolhimento, como o da Tribuna. “Voltar a esta Casa, pouco mais de um ano após receber o diagnóstico de autismo nível 1 e TDAH, é simbólico. A visita anterior abriu portas para o meu projeto ‘Ciência sem Moagem’ e para novas conexões. Conhecer a vereadora Maysa Leão, que conhece a causa, foi uma dessas grandes conexões. Somos chamados de ‘lentos’, mas a verdade é que seguimos em nosso próprio ritmo, resistindo a um mundo que exige velocidade e produtividade a qualquer custo”, afirmou.
Felipe aproveitou a oportunidade para falar sobre seu livro com o selo do projeto “Ciência sem Moagem”, voltado à divulgação científica acessível, e pediu apoio para ampliar a distribuição da obra. “Recebemos um recurso da UFMT para a primeira tiragem, mas precisamos do apoio de autoridades e da iniciativa privada para alcançar mais pessoas com conteúdo científico de qualidade e linguagem acessível”.
Maysa Leão reforçou o alerta sobre a importância do diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista. “O Felipe chegou onde chegou mesmo sem diagnóstico na infância. É professor universitário, cientista, escritor. Mas e se ele tivesse tido acesso à terapia desde cedo? Talvez tivesse evitado anos de sofrimento, de sensação de inadequação, de solidão. Por isso, nosso trabalho precisa ser por mais acesso, por mais informação e mais acolhimento. Pessoas autistas não são anjos, nem gênios – são seres humanos, com dificuldades e potencialidades, e precisam ser respeitados”, afirmou a parlamentar.
A vereadora também lembrou que o orgulho autista não deve ser confundido com idealizações. “É sobre garantir dignidade, autonomia, respeito e espaço. E sobre entender que cada pessoa no espectro é única e merece ser compreendida em sua individualidade”.
Felipe finalizou com um apelo direto. “Que todos nós, sociedade e poder público, sejamos responsáveis por construir um mundo onde pessoas autistas não tenham apenas orgulho de um diagnóstico, mas da vida que constroem com liberdade e respeito”.