Em sua edição mais inovadora, a Bienal do Livro Rio 2025 marca uma nova fase na forma como os grandes eventos literários se relacionam com o público. Sob o conceito de Book Park, o festival amplia sua vocação para experiências imersivas e interativas - unindo literatura, cultura pop, games, redes sociais, música, streaming, cinema e entretenimento - para conectar todos na mesma página. Nesse cenário em que o livro continua sendo o ponto de partida, ou destino, para novas plataformas e narrativas construídas em rede, uma das grandes estreias desta edição é a Praça Além da Página Shell, espaço ao ar livre e aberto ao público, bem no coração dos pavilhões do Riocentro. O diferencial? Em todas as suas dezenas de atrações, o protagonista é o leitor.
Segundo Tatiana Zaccaro, diretora da GL events Exhibitions, responsável pela organização da Bienal do Livro Rio, junto com o Sindicato Nacional dos Expositores de Livros (SNEL), a companhia fez um estudo de hábitos de consumo muito em linha às evoluções dos mercados editorial e de eventos.
“Tradicionalmente, a Bienal do Rio lança tendências, a exemplo do Café Literário, que completa 25 anos e foi a primeira atividade cultural em uma bienal de livro. Agora, a gente inverte a lógica das conversas com os autores, trazendo luz ao público participante, o que também deve inspirar outros eventos literários pelo país porque amplia a relação do leitor com o livro a partir da sua própria vivência”, diz Tatiana.
Com curadoria da publicitária Heloiza Daou, a praça é mais do que um ponto de encontro entre as tribos e comunidades literárias: é uma celebração do livro vivo, que transborda, emociona, marca e transforma. O espaço foi pensado como um ambiente horizontal, onde a relação com a literatura se dá de forma afetiva, divertida e criativa. “A leitura não precisa ser uma jornada solitária. Na praça, o foco é o encontro, a troca, a memória afetiva que os livros despertam”, explica a curadora.
De acordo com Heloiza, que tem uma vasta experiência em ativações para o público no mercado editorial, a ideia por trás da Praça Além da Página Shell nasceu do desejo de aproximar o universo dos livros da cultura do compartilhamento e da experiência coletiva. Leitores participam da construção da programação, interagem com autores e influenciadores, vivem momentos lúdicos, artísticos e sensoriais que reforçam a potência transformadora da leitura — tudo isso num ambiente descontraído, sem filas, senhas ou barreiras.
Destaques da programação
É no espaço que acontecerá, por exemplo, a aula-show “Fé, mito e rito: a festa dos santos com Simas”, comandada pelo historiador e curador da Bienal, Luiz Antonio Simas. A atração será no primeiro dia do festival (13/06, às 17h30) e abordará os santos populares, o sincretismo religioso e a força dos mitos.
Para os pequenos leitores, vai ter ainda ao vivo uma experiência do Manual do Mundo (15/06, às 14h30), com o youtuber Iberê Thenório, que revelará os bastidores da construção do submarino amarelo, um projeto que levou mais de quatro anos para ser concluído e mobilizou milhões de fãs pelo seu canal na plataforma. Outra atração será um sarau que une autores e leitores (17/06, às 17h30), com a atriz e produtora Maria Gal e outros convidados, trazendo inspirações literárias que marcaram suas vidas para a leitura conjunta. O público também terá oportunidade de subir ao palco e apresentar suas referências.
E, ainda, a experiência “Inventa que eu desenho” (17/06, às 10h30 e 14h30), que convidará crianças da plateia para inventar personagens, cenas e cenários, enquanto artistas criam ao vivo no palco. Também está na programação o “Papo Geek na Praça” (18/06, às 17h30), com os atores Fernando Caruso e Pedro Benevides.
Outro destaque é o cortejo em homenagem a Ariano Suassuna (16/06, às 17h30), no dia em que se celebra 98 anos do nascimento do escritor e filósofo autor de ‘Auto da Compadecida’. A Orquestra Armorial - importante grupo de música instrumental brasileiro formado no Recife na década de 70, desfilará pelos corredores da Bienal até a praça, seguido de uma fala do neto do autor, João Suassuna. Já o “Karaokê literário” (20/06, às 17h30) terá banda ao vivo para o público cantar músicas inspiradas em livros marcantes, em clima de reality show. Os autores convidados - Pedro Rhuas , Graciela Mayrink, Clara Savelli e Iris Figueiredo - terão direito inclusive a ‘virar a cadeira’.
A programação completa da Bienal do Livro Rio pode ser consultada aqui.
Estão previstas também batalhas de fantasia, gincanas, concursos de poesia, aulas de dança, shows infantis e até uma “roleta das trends”, que desafia os visitantes da Bienal a contar o enredo de um livro em 15 segundos.
“A Praça é esse lugar do divertimento, um espaço acolhedor, com uma sensação de movimento, onde basta chegar!”, convida Heloiza, lembrando que a cocriação com leitores aconteceu desde a concepção da grade até as atrações em si, com fãs sendo convidados a sugerir temas, indicar autores e participar ativamente da produção.
Interação, memória e descoberta
A Praça Além da Página Shell é também um convite à experimentação. A ambientação conta com torres literárias, onde visitantes podem deixar registrados os livros que mais marcaram suas vidas, e um sistema de pulseiras colecionáveis, conquistadas a partir de desafios inspirados nas redes sociais. O espaço se conecta ao redor com uma área de alimentação e permite que o público circule livremente, vivenciando a literatura como uma extensão de suas próprias histórias.
“A Bienal sempre foi uma festa do livro. Agora, ela também é uma festa do leitor. A Praça é o lugar onde essa paixão vira movimento, afeto e encontro. A gente quer que as pessoas descubram aqui seu novo autor preferido, ou aquela história que vai mudar sua vida. E isso não parte só dos livros, parte das pessoas também”, afirma Heloiza.