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Nos últimos anos, a busca pelo conforto se transformou em um dos pilares fundamentais do cotidiano moderno. Esse movimento, que começou a ganhar força durante a pandemia, quando as pessoas passaram mais tempo em casa, extrapolou as barreiras do guarda-roupa e invadiu todos os aspectos do dia a dia. Hoje, mais do que um conceito aplicado à moda, o conforto tornou-se um estilo de vida, refletindo a necessidade de unir bem-estar, funcionalidade e praticidade.
Na moda, o conforto deixou de ser sinônimo de desleixo e passou a ditar tendências. Tecidos leves, modelagens amplas e peças versáteis ganharam as passarelas e o gosto do público. O termo “athleisure”, que mistura elementos esportivos ao vestuário casual, tornou-se indispensável no vocabulário fashion. Grandes marcas de luxo, como Balenciaga e Gucci, incorporaram peças confortáveis em suas coleções, enquanto marcas focadas em funcionalidade, como Insider e Lululemon, cresceram rapidamente. Segundo a especialista em moda Mariana Lemos, “o conforto deixou de ser uma escolha e passou a ser uma exigência. As pessoas querem se sentir bem sem abrir mão da estética”.
Além da moda, o conceito de conforto também está profundamente presente nos lares. A casa, que se tornou um refúgio durante os períodos de isolamento, passou por transformações significativas. Espaços foram adaptados para integrar trabalho, lazer e descanso. Materiais naturais, como madeira e linho, e cores neutras e relaxantes, como bege e cinza, ganharam destaque na decoração. Arquitetos e designers investem em soluções que promovem tranquilidade, como móveis ergonômicos e iluminação acolhedora. Para o arquiteto Lucas Fernandes, “o lar precisa oferecer um abraço, ser um lugar onde a pessoa se sente acolhida, especialmente em tempos de mudanças constantes”.
A tecnologia também desempenha um papel importante nessa busca por bem-estar. Produtos como colchões inteligentes, que regulam a temperatura durante o sono, fones de ouvido com cancelamento de ruído e aplicativos de mindfulness mostram como a inovação pode estar a serviço do conforto. Dados da consultoria Statista apontam que o mercado de produtos voltados ao bem-estar cresceu 15% globalmente desde 2020, refletindo a demanda crescente por soluções que melhorem a qualidade de vida.
Na alimentação, o conforto ganhou destaque por meio do conceito de “comfort food”, que valoriza pratos simples, caseiros e nostálgicos. Ao mesmo tempo, cresce a busca por opções saudáveis e práticas, como snacks nutritivos e refeições prontas equilibradas. Segundo a nutricionista Juliana Castro, “a comida tem sido uma forma de autocuidado. O objetivo é oferecer nutrição ao corpo enquanto proporciona um momento de prazer e tranquilidade”.
A tendência de priorizar o conforto mostra que o mundo está mudando a forma como enxerga o equilíbrio entre produtividade e bem-estar. Mais do que uma moda passageira, essa busca representa uma mentalidade voltada ao cuidado com corpo, mente e emoções. Especialistas acreditam que essa tendência só tende a se intensificar, incorporando novas tecnologias, designs e hábitos.
“Não é apenas sobre o que vestimos ou como decoramos nossas casas. É sobre como queremos nos sentir. O conforto, agora, é a base de tudo”, conclui Mariana Lemos.