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Variedade Sexta-feira, 21 de Março de 2025, 00:50 - A | A

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Tecnologia do sono promete melhorar qualidade do descanso, mas especialistas alertam para cuidados

Divulgação

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O avanço da tecnologia tem transformado a forma como as pessoas monitoram sua saúde, e o sono não ficou de fora da tendência. Dispositivos como smartwatches, smart rings e aplicativos de monitoramento do sono se tornaram populares entre aqueles que buscam melhorar a qualidade do descanso. No entanto, especialistas alertam que o uso excessivo ou inadequado dessas tecnologias pode gerar novas preocupações, incluindo ansiedade digital e interferências na regulação natural do sono.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 40% da população mundial dorme menos do que o recomendado, e transtornos do sono, como insônia e apneia, estão entre as principais causas de doenças crônicas. No Brasil, o cenário também é preocupante: de acordo com o Ministério da Saúde, 72% dos brasileiros relatam dificuldades para dormir ao menos uma vez por semana, aumentando a  busca por alternativas tecnológicas para monitorar e ajustar hábitos noturnos.

Um estudo da National Sleep Foundation revelou que 74% dos usuários que passaram a monitorar o sono com dispositivos digitais notaram melhora na qualidade do descanso. Segundo Thiago Volpi, médico nutrólogo e especialista em alta performance, essas tecnologias analisam padrões de sono, identificam microdespertares e fornecem dados sobre tempo e eficiência do repouso. “Hoje em dia existem dispositivos mais inovadores com luzes inteligentes e ruídos brancos, que ajudam a regular o ritmo circadiano e minimizar interferências externas”, explica o profissional.

A empresária Marilis do Rocio, de 63 anos, passou a utilizar o smartwatch inicialmente para não perder os compromissos, mas se surpreendeu com outras funções, como a de monitorar o sono. “Sempre dormi mal, mas nunca dei atenção pra isso. Até que meus filhos viram no aplicativo que eu estava dormindo em torno de 3 horas por noite e não acharam normal. Fui ao médico, fiz alguns exames e descobri o que me levava a ter insônia. Me tratei e hoje vivo bem melhor, a minha disposição é outra, declara Marilis.

Apesar dos benefícios dessa tecnologia, a American Academy of Sleep Medicine alerta para o risco da “ortossônia”, um transtorno caracterizado pela obsessão por resultados de monitoramento do sono. Outro fator de preocupação é a exposição à luz azul, emitida por telas de dispositivos eletrônicos. De acordo com a Harvard Medical School, a luz azul pode reduzir em até 50% a produção de melatonina, hormônio essencial para regular o ciclo sono-vigília. "O monitoramento do sono é importante, mas a obsessão por resultados pode gerar ansiedade e atrapalhar o descanso. O ideal é usar a tecnologia como um guia, sem tornar o sono uma preocupação excessiva", explica Volpi. Para o especialista isso pode dificultar o início do sono e comprometer sua profundidade e duração. 

O médico ainda destaca que a acessibilidade às tecnologias de monitoramento do sono ainda é limitada no Brasil. Menos de 15% da população utiliza esses dispositivos, segundo a Associação Brasileira do Sono, devido ao custo elevado e à falta de conhecimento sobre os dados gerados. “Então, mesmo sem qualquer desses dispositivos, em casos graves como insônia crônica e apneia, exames clínicos, como a polissonografia, seguem sendo o padrão para diagnóstico, reforçando a importância da avaliação médica”, reforça.

Como utilizar a tecnologia do sono sem riscos?

Volpi recomenda um uso consciente e equilibrado dessas tecnologias:

  • Evitar o uso excessivo: os dispositivos devem ser auxiliares, não fontes de estresse.
  • Reduzir a exposição à luz azul: estabelecer horários para evitar telas antes de dormir.
  • Combinar tecnologia com hábitos saudáveis: manter uma rotina de sono regular, alimentação equilibrada e atividade física.
  • Procurar ajuda profissional se necessário: se os problemas persistirem, é essencial buscar avaliação médica.

O especialista afirma que a popularização dos dispositivos de monitoramento do sono representa um avanço importante na busca por uma vida mais saudável, mas seu uso exige cautela. “Enquanto essas tecnologias podem fornecer insights valiosos sobre padrões de descanso, não substituem exames clínicos e acompanhamento especializado”, explica o médico e reforça que, no Brasil, o desafio é garantir que essas inovações sejam aliadas da saúde, e não novas fontes de preocupação. “O futuro do sono digital promete avanços significativos, mas seu impacto real dependerá da forma como for utilizado”, conclui.




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