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Variedade Sexta-feira, 20 de Dezembro de 2024, 18:51 - A | A

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Diversidade

Brasília ganha primeiro Clube Social Negro: um espaço de convivência, fortalecimento e celebração na Capital Federal

Inaugurando novo capítulo na história da negritude no DF, o clube propõe promover conexões, bem-estar e preservação da memória da população negra

Divulgação

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A capital do Brasil acaba de registrar um novo marco na luta pela equidade racial: a criação do Clube Social Negro de Brasília - o primeiro do gênero na cidade. A ideia é ser um espaço de convivência e de fortalecimento da identidade e da cultura afro-brasileiras no Distrito Federal.
“Brasília precisa de um lugar onde a população negra se sinta livre para exercer sua negritude. Um espaço que possibilite conexões, lazer e criação de redes, além de formação e de preservação de patrimônio e de memória do nosso povo”, explicou o presidente do Clube, Heitor Perpétuo.
Os Clubes Sociais Negros têm um papel histórico na resistência e na luta pela inclusão social no Brasil. Os primeiros surgiram antes mesmo da abolição da escravidão, como resposta à exclusão sistêmica enfrentada pela população negra no país. A Sociedade Beneficente Cultural Floresta Aurora, fundada em 1872, em Porto Alegre (RS), e o Clube dos Escravos, de 1881, em Bragança Paulista (SP), são exemplos de clubes pioneiros. Esses espaços serviram como polos de assistência e promoção cultural, além de articularem redes de apoio e luta por direitos civis.
Ao longo do tempo, clubes como o Renascença e o 28 de Setembro, no Rio de Janeiro (RJ), e o Aristocrata, em São Paulo (SP), se consolidaram como símbolos de resistência e protagonismo negro, mantendo viva a história e a cultura afro-brasileira.


Por que um Clube Social Negro em Brasília?
Brasília é a terceira cidade mais populosa do Brasil e cerca de 57% da população se autodeclara negra (IBGE). A cidade está cercada por embaixadas, com potenciais intercâmbios socioculturais, e tem mais de 40 clubes no Plano Piloto. No entanto, nenhum deles é de convivência para pessoas negras.
Além disso, a capital do país foi construída por trabalhadores negros, que ao fim da obra foram afastados para as cidades-dormitório, dando origem às cidades-satélites. Ficaram, portanto, apartados do centro da cidade e do poder político do país. A proposta do Clube Social Negro de Brasília é resgatar esse direito à ocupação e convivência no coração da capital, oferecendo um espaço que promova o bem-estar, o encontro e a valorização da cultura negra.
Imbuídos desse ideal, um grupo formado por mais de 50 pessoas idealizou o Clube. Elas se dedicaram a elaborar um estatuto e no dia 4 de dezembro realizaram a assembleia de constituição da entidade, que aconteceu na sede da Fundação Cultural Palmares. Na ocasião, o grupo também elegeu a Diretoria Executiva do Clube e seus conselhos, Deliberativo e Fiscal.

“Esse é um sonho coletivo, idealizado e construído por pessoas negras de diversas áreas de atuação. São professores, comunicadores, psicólogos, servidores públicos, advogados, além de escritores e artistas que há muito tempo contribuem para a formação cultural e social de Brasília. Agora, nos reunimos para construir juntos e juntas um lugar que possa ser de luta, mas também de descanso para essa e para as próximas gerações”, declarou a vice-presidenta, Caína Castanha.


Casa Comum
Enquanto busca uma sede oficial, o Clube fechou parceria com a Casa Comum, espaço coletivo de trabalho, voltado para o fortalecimento da democracia por meio de um local seguro para pessoas da sociedade civil, dos movimentos sociais, entre outros coletivos. O projeto, que tem sede em São Paulo, ganha também uma casa em Brasília, localizada na quadra comercial da 205 da Asa Norte. A Casa será utilizada para as ações do Clube Social Negro neste primeiro momento.
A Casa Comum é um projeto idealizado pelo Instituto Procomun (IP), Advocacy Hub e a Rede Afrolatinas, com apoio da Open Society Foundations (OSF).
“É uma alegria ver a criação do Clube Social Negro em Brasília. No Plano Piloto, precisamos da presença da população negra ocupando espaços historicamente negados. Nesse sentido, a Casa Comum vem para contribuir, trazendo novas vozes e perspectivas para o debate sobre democracia, ampliando a participação e fortalecendo a incidência política de novos atores e atrizes”, ressaltou a uma das fundadoras da Casa Comum, Jaqueline Fernandes e gestora cultural e diretora do Instituto Afrolatinas.
O Clube Social Negro de Brasília inspira-se na trajetória de mais de 150 clubes sociais negros existentes no país que, ao longo da história, desempenharam um papel fundamental na promoção da justiça social e valorização do povo negro.




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