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Palavra de Profissional Quarta-feira, 30 de Abril de 2025, 22:46 - A | A

Quarta-feira, 30 de Abril de 2025, 22h:46 - A | A

Artigo

Língua Portuguesa: nossa casa falada, nossa pátria falante

Divulgação

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Todo dia a gente fala, escuta, escreve, digita, canta e até briga por meio dela. Mas é no dia 5 de maio que paramos por um momento para homenagear, oficialmente, essa maravilha, cheia de charme e de gingado, que é a Língua Portuguesa. Sim, aquela que nasceu lá longe, nas terras da Península Ibérica, filha mais nova do Latim, misturado com o falar dos povos que viviam por lá – como os celtas, os mouros e os visigodos. De Roma até o reino de Portugal, a língua foi se transformando devagarinho, até virar o português que conhecemos hoje.
 

Foi com as caravelas e os sonhos – alguns bem ambiciosos, outros bem cruéis – dos portugueses que essa língua atravessou o Atlântico. A primeira gramática portuguesa data de 1536, escrita por Fernão de Oliveira – um marco importantíssimo, porque foi a primeira vez que alguém se preocupou em organizar e registrar as regras da nossa fala por escrito, valorizando o português como língua própria, e não apenas como uma sombra do Latim. Não demorou muito para que esse idioma começasse a tomar banho de sol nos trópicos e a dançar conforme a música por aqui. A língua chegou ao Brasil e encontrou um caldeirão borbulhante: línguas indígenas, africanas e, depois, outras tantas vindas com os imigrantes italianos, japoneses, alemães...o português virou um verdadeiro samba linguístico.
 

Basta andar por qualquer cidade do Brasil que a gente logo percebe: o português que a gente fala hoje é muito mais do que regra e dicionário. É criação pura! Uma mistura de vozes, de histórias, de povos e de sons. É a língua da rua, da feira, do boteco, da rede social e da rede de dormir.
 

Já dizia Caetano: “gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões”. De fato, falar o mesmo idioma do poeta maior é motivo de orgulho para muitos. Mas não tem coisa mais agradável do que ouvir – e entender – um “tó pro cê, um “eita”, um “bah”, um “se avexe não”. E, no meio disso tudo, a gente se entende.
 

Nossa língua é esperta, especialista em criar apelido, gíria, modo de dizer. Onde mais o diminutivo vira carinho? “Cafezinho”, “caminhozinho”, “beijinho”... e até “probleminha” que, no fundo, pode ser uma baita encrenca. E quando o brasileiro não tem palavra, ele inventa. “Top”, “bugado”, “ranço”, “cringe”. A gente importa, adapta, abrasileira.
 

Há quem torça o nariz para esses novos jeitos de falar, dizendo que a língua anda sendo “deturpada”. Mas veja: língua viva muda! O português que a gente fala hoje não é o mesmo dos tempos de Camões, e nem vai ser igual daqui a 50 anos. E ainda bem! Porque língua parada é língua que morreu. Já a nossa, ah, essa respira, canta, xinga, ama — às vezes, tudo na mesma frase.
 

No fundo, o português do Brasil é um reflexo da nossa alma: cheio de diversidade, criatividade, improviso e beleza. É no falar da gente que a gente se reconhece, que se constrói identidade. É no modo de dizer que a gente se aproxima, se afasta, se apaixona. Não tem língua certa ou errada – tem língua que comunica, que acolhe, que faz a ponte entre o que a gente sente e o mundo ao redor.
 

Então, no Dia da Língua Portuguesa, meu convite é simples: celebre falando. Fale do seu jeito, com seu sotaque, com suas palavras inventadas, com suas expressões de família. Fale com alma, com humor, com ternura. Porque, no fim das contas, a língua é isso: o que a gente é, traduzido em som.

 

*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

 

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2023, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2023 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.




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