Antonia, ribeirinha do Rio São Francisco, em Mato da Onça: Ela conhece bem a mata que a cerca e tudo que esta pode oferecer, faz seus remédios de ervas e frutos.
Com direção e roteiro de Ana Rieper, a série documental em 13 episódios de 26 minutos aborda o conhecimento ecológico tradicional, questões de gênero e de sustentabilidade por meio da vida de mulheres que vivem em diferentes ecossistemas brasileiros.
A série dialoga com questões relevantes no mundo contemporâneo, como a interação do ser humano com a natureza, a relação entre as políticas públicas e o desenvolvimento sustentável e os papéis das mulheres na sociedade; a produção também apresenta diversas faces de um extenso Brasil que nem todos conhecem, com diversidade nos modos de vida, clima, vegetação e paisagens.
No episódio de estreia, conhecemos Josélia, ribeirinha do Ariramba, município de Oriximiná, localizado no Pará, que, junto com sua irmã e seus companheiros, lutam pela titulação de suas terras ancestrais, sempre atentos à invasão de madeireiros e grileiros.
Destaque também para o terceiro episódio, que conta a história de Valéria, uma das mais antigas catadoras de caranguejo de Gargaú, que sofreu violência e abuso contra a mulher, situação que enfrenta com sua força e independência. Valéria fundou uma igreja no município de São Francisco de Itabapoana, Rio de Janeiro, que hoje é frequentada por outros catadores e catadoras de caranguejo.
Maria Roxa, apresentada no sexto episódio, emociona com a sua narrativa: Começou a trabalhar em casa de família aos 8 anos de idade, em troca de comida, e agora vive a infância na velhice: vai a festas e jogos de futebol. Apesar da falta de educação formal e do analfabetismo, é profunda conhecedora das dinâmicas ecológicas do brejo e nos ensina sobre as as águas, o solo e sobre cada espécie da flora.
No nono episódio viajamos para Barbacena para conhecer Ana e Sandra: elas têm em comum a sobrevivência em uma região com constantes vazamentos nas barragens de rejeitos da Alunorte, maior refinaria de alumina do mundo. A floresta equatorial, que permitia aos ribeirinhos pescar, coletar frutos e manter pequenas plantações, tem hoje suas águas contaminadas e a população doente. Muitas famílias já abandonaram a região, aceitando a proposta do governo de relocação. Quem resiste, sofre ameaças e enfrenta a escassez de produtos da mata e dos rios, outrora férteis.
A série conclui com o episódio de Rosana, que será transmitido no dia 2 de julho. De Limoeiro, município de São Luís, Maranhão, Rosana tornou-se conselheira tutelar, depois de ter vivido abuso enquanto criança em seu espaço doméstico.
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Sinopses dos episódios
1. ARIRAMBA, município de Oriximiná, PA
Ribeirinha do Ariramba - Josélia
Exibição: 9 de abril, às 20h
Josélia e a irmã são casadas com dois irmãos, Gervásio e Ernandes, lideranças importantes na região. Quilombolas que ainda lutam pela titulação de suas terras ancestrais, sempre atentos à invasão de madeireiros e grileiros. No episódio, Josélia mostra sua intimidade com a flora e fauna que a cerca, repleta de animais, especialmente, arirambas, pássaros que dão nome à região.
2. MATO DA ONÇA, município de Pão de Açúcar, AL
Ribeirinha do São Francisco – Antonia
Exibição: 16 de abril, às 20h
Na comunidade no semi árido alagoano às margens do rio São Francisco, vivem Dona Antonia, marido, filhos e netos. Dona Antônia conhece bem a mata que a cerca e tudo que esta pode oferecer. Faz seus remédios de ervas e frutos. Seus filhos vivem da pesca, cada vez mais escassa nesta altura do rio, que não para de secar.
3. GARGAÚ, município de São Francisco de Itabapoana, RJ
Catadoras de Caranguejo - Valéria e Dita
Exibição: 23 de abril, às 20h
Valéria é uma das mais antigas catadoras de caranguejo de Gargaú, atividade com a qual criou filhos e agora ajuda na criação dos netos. Mas nem por isso deixa de namorar e ser vaidosa. Sua história de vida é marcada, em diversos momentos, pela violência e abuso contra a mulher, situação que enfrenta com sua força e independência na igrejinha que fundou na região.
4. MARMELEIRO DE BAIXO, município de Rebouças, PR
Faxinalenses – Julia
Exibição: 30 de abril, às 20h
Julia e suas companheiras de faxinal (núcleos de povoamento tradicional existentes no estado do Paraná que se caracterizam pelo uso comum da terra para criação animal, produção agrícola familiar e extrativismo florestal) nos apresentam o ambiente e modo de viver em que o conhecimento e uso das espécies nativas, o entendimento do valor sagrado das plantas e o sentimento de comunidade e ancestralidade lhes dão identidade.
5. VÃO DE ALMA, município de Cavalcante, GO
Kalunga de Vão de Alma – Fiota
Exibição: 7 de maio, às 20h
Acompanhando o dia a dia de Fiota conhecemos a fauna, as raízes, as ervas e flores com as quais prepara seus óleos, sabão e remédios. Através da convivência com as vizinhas, familiares, comadres, entendemos um pouco mais suas reflexões sobre a condição feminina – casamento, parto, racismo, moralismo, família são alguns dos temas tratados por elas.
6. TAIM, município de São Luís, MA
Brejeira do Taim - Maria Roxa
Exibição: 14 de maio, às 20h
Dona Maria Roxa começou a trabalhar em casa de família aos 8 anos de idade, em troca de comida para sua família. Agora está vivendo a infância na velhice: vai a festas, jogos de futebol, passa seus dias no brejo, dança no quintal. Apesar da falta de educação formal e do analfabetismo, é profunda conhecedora das dinâmicas ecológicas do brejo e nos ensina sobre as dinâmicas das águas, dos solos, de cada espécie da flora.
7. TERRA INDÍGENA PANKARARÉ, ALDEIA BREJO DO BURGO, município de Glória, BA
Pankararés do Raso da Catarina – Deza e Patrícia
Exibição: 21 de maio, às 20h
D. Deza é a mãe do Terreiro onde povoam os encantados das matas em terras Pankararé. Com a ajuda de sua nora Patrícia - professora na escola da aldeia - luta para manter viva a cultura e os costumes dos antepassados, preservar o território sagrado e resgatar a “ciência do índio”. Como todos os pankararé, fazem uso medicinal de plantas encontradas na região árida, como o mastruz, o pau-de-teiú, a quixabeira, aroeira, maria-mole e pau-chumbo.
8. ARRAIAL DO CABO, RJ
Pescadoras de alto mar – Cleusinha e Vilma
Exibição: 28 de maio, às 20h
Cleusinha e Vilma se identificam como pescadoras, apesar de não possuírem barco próprio. A especulação imobiliária e o turismo na região estão tornando cada dia mais difícil manter a profissão. Cleusa, marisqueira, é fundadora da associação de mulheres pescadoras e considera sua missão na região conscientizar as mulheres de seus direitos. Faz também artesanato com espinha de peixe e rolha.
9. BARCARENA, município de Belém, PA
Guerreiras da Floresta – Sandra e Ana
Exibição: 4 de junho, às 20h
Sandra e Ana têm em comum a sobrevivência em uma região com constantes vazamentos nas barragens de rejeitos da Alunorte, maior refinaria de alumina do mundo. Sandra, que venceu o medo do marido abusivo, acredita em resistência e luta. Ana – que vive em suas terras cercada por sobrinhos, netos, filhos - acredita que a mulher deve enfrentar os desafios com garra e coragem.
10. GALHEIROS, município de Diamantina, MG
Coletoras de Sempre Vivas – Ivanete e Ivete
Exibição: 11 de junho, às 20h
Ivanete e sua irmã Ivete seguem a tradição da mãe e da família e vivem da coleta de diferentes espécies de flores Sempre Vivas. Casada e independente, Ivanete faz uma reflexão a respeito de sua condição de mulher: conta que gosta de frequentar bares e festas, de se arrumar e se cuidar quando vai à cidade para vender suas flores.
11. ALDEIA TEKOA KA ́AGUY, PORÃ, município de Maquiné, RS
Mbyá Guarani de Maquiné – Lili e a cacique Julia
Exibição: 18 de junho, às 20h
Lili e sua família (pai, mãe e irmãos) vivem no que ainda resta de Mata Atlântica, num pedaço de terra recém reconquistado e em processo de demarcação. Na nova aldeia, a nação Mbyá Guarani reconecta-se com sua cultura e todos se comunicam em guarani. Julia, tia de sua mãe e cacique de uma aldeia vizinha, fez seu parto e criou boa parte das crianças Mbyá Guarani da região.
12. LUDOVICO, município de Lago do Junco, MA
Quebradeiras de coco do babaçu – Alaídes, Moça, Alaíce e Isabel
Exibição: 25 de junho, às 20h
Na localidade de Lago do Junco, na região do médio Mearim, no Maranhão, vivem Maria Alaídes, Moça, Alaíce, Dió, Isabel e tantas outras mulheres que vivem da coleta e beneficiamento do coco do Babaçu. Com elas, vamos à colheita do coco e conhecemos um pouco da história de cada uma, em busca de autonomia e liberdade, inclusive de maridos abusivos, e o desejo de criar filhas com liberdade e responsabilidade.
13. LIMOEIRO, município de São Luís, MA
Manguezais do Limoeiro – Rosana
Exibição: 2 de julho, às 20h
Criança jogadora de futebol, nadadora de rios e mangues, Rosana vivia no alto dos pés de jussara. No seu processo de emancipação como mulher, tornou-se liderança comunitária na luta contra os diversos empreendimentos industriais que avançam sobre os brejos e mangues da terra de seus antepassados. Tornou-se conselheira tutelar, depois de ter vivido abuso enquanto criança em seu espaço doméstico.
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Ficha técnica: Naturezas Femininas
Roteiro e direção: Ana Rieper
Produção executiva: Suzana Amado
Pesquisa: Ana Rieper e Renata Than
Produção: Paladina Filmes
12 anos
Terças, 20h
Reapresentações: quintas, 0h30 e 22h30; sábados, 19h; segundas, 21h30
Estreia: 9/4, Terça, 20h
Disponível sob demanda em sesctv.org.br/naturezafeminina