Em uma noite onde a arte e as palavras se entrelaçam, o Palácio da Instrução em Cuiabá se tornará um palco de emoções e reflexões. Luciene Carvalho, uma das vozes mais proeminentes e poderosas da literatura contemporânea, traz à vida seu novo livro de poesia, "Saranzal". O lançamento será no dia 19 de novembro às 19h e integra o Quilombo Poético, trazendo a performance cênica dirigida pela própria autora.
Este lançamento é mais do que um evento; é uma celebração de três décadas da brilhante, vitoriosa e desafiadora jornada literária, de Luciene Carvalho, mulher negra e periférica, que ocupa a presidência da Academia Mato-Grossense de Letras, marcando seu pioneirismo no Brasil.
Durante o lançamento, o público terá a oportunidade de vivenciar uma performance teatral e literária singular, na qual a autora, também diretora de teatro, incorporará elementos da oralidade e da poesia encenada. O lançamento é um reflexo da profunda contemporaneidade da obra e da conexão entre os passados e presentes de Luciene, que, prestes a completar 60 anos, explora suas memórias pessoais e coletivas com uma nova voz.
"Esse evento abordará a experiência da mulher negra, da mulher periférica, da mulher pobre, da mulher poeta e da diretora de teatro", comenta Luciene, enfatizando que "Saranzal" representa um marco significativo em sua trajetória.
O público terá, portanto, a oportunidade de com ela mergulhar na riqueza de sua experiência. Sua performance certamente irá ressoar nas almas dos presentes, refletindo sua trajetória única como diretora de teatro.
Sobre a obra
"Saranzal", livro publicado pela Carlini & Caniato Editorial e ilustrado por Gerald Thomas, renomado autor e diretor, com cerca de 120 espetáculos encenados em todo o mundo, incluindo peças e óperas, é uma obra que transcende os gêneros literários e se apresenta como um verdadeiro mosaico textual. Luciene Carvalho revisita textos antigos, conectando-os à sua produção mais recente, fortemente influenciada pela experiência da pandemia.
“Os sarãs são trilhos”, diz a autora. E esses trilhos nos conduzem às memórias que ocupam grande parte dos poemas. Há um espaço no masculino que se aprofunda com as lembranças do pai e do avô; trabalho, afetos e natureza bruta formam um emaranhado de sentimentos. Também nas honras à ancestralidade, mãe e avó constituem força, carinho e referência. Luciene é rio, barro, bairro, centro urbano e quintal, mulher madura. Nela, tudo isso é tensão e lirismo.
Na visão do artista Gerald Thomas, o diálogo do visual com o literário se apresenta em traços expressivos, agudos e enigmáticos, como esboços do que está por vir, em tons terrosos do Saranzal de Luciene, que a conectam com a vida.
A autora descreve "Saranzal" como uma obra cheia de afetos, um abraço à condição humana, que se desdobra por diversos lugares, memórias, lutas pela sobrevivência e por pessoas. "A urgência deste livro é uma urgência pós-pandêmica", ressalta Luciene.
Escrito após um infarto sofrido em 2021, "Saranzal" traz uma Luciene transformada, com uma visão renovada sobre a vida e a arte. O livro carrega temas profundos como o legado de seu pai e a sobrevivência em tempos difíceis, sempre permeados por uma narrativa de afeto e resistência. Para a autora, "Saranzal" é uma obra que busca dialogar com a coletividade.
Os convidados devem se preparar, portanto, para uma noite que se pude
ser sintetizada por apenas uma palavra, seria ela encantamento.
O Palácio da Instrução fica ao lado da Igreja Matriz, Rua Antônio Maria Coelho, 151- Praça da República.
Sobre a autora
Luciene Carvalho é escritora, poeta e diretora de teatro. Publicou:
"Devaneios poéticos: coletânea" (EdUFMT, 1994)
"Teia" (Teia 33, 2000)
"Caderno de caligrafia" (Cathedral, 2003)
"Porto" (Instituto Usina, 2005)
"Conta-gotas" (2007)
"Sumo da lascívia" (2007)
"Aquelarre ou o livro de Madalena" (2007)
"Cururu e siriri do Rio Abaixo" (Instituto Usina, 2007)
"Insânia" (Entrelinhas, 2009)
"Ladra de flores" (2012, Carlini & Caniato Editorial)
"Dona" (2018, Carlini & Caniato Editorial)
"Na pele" (2020, Carlini & Caniato Editorial)
"Doze contos: interpretando a miragem" (2021, Carlini & Caniato Editorial)
"Gula d’água" (2021, Carlini & Caniato Editorial)
Algumas dessas obras conquistaram prêmios e condecorações. Parte importante do seu trabalho, como declamadora, se faz em shows poéticos em que une figurino, efeitos cênicos e trilhas musicais para oferecer sua poesia viva e colocá-la a serviço da emoção da plateia. Luciene ocupa a cadeira nº 31 da Academia Mato-grossense de Letras, onde atualmente ocupa o cargo de presidente.
Sobre o ilustrador
GERALD THOMAS (nascido em 1 de julho de 1954, na cidade de Nova York), é diretor de teatro, ópera e dramaturgo. Passou sua vida nos Estados Unidos, Inglaterra, Brasil e Alemanha. Depois de se formar como leitor de filosofia, na Sala de Leitura do Museu Britânico, Thomas começou sua vida no teatro no La MaMa E.T.C., de Ellen Stewart, na cidade de Nova York. Durante este período, Thomas tornou-se ilustrador da página Op-Ed, do New York Times, enquanto conduzia workshops no La MaMa E.T.C., onde adaptou e dirigiu estreias mundiais de prosa e peças dramáticas de Samuel Beckett.
No início dos anos 80, Thomas começou a trabalhar com o próprio Beckett, em Paris (depois de vasta correspondência entre eles durante quase dois anos), adaptando novas ficções do autor.
Ficha técnica de Saranzal
Direção: Luciene Carvalho
Produção: Mano Raul Cenário: Douglas Peron
Assistência de Direção: Joyce Lombardi Breakman : Guil Resende
DJ: Draw
Entrevista: Lorenzo Falcão Voz: Bruna Tomaz
Declamação: Márcio Campos; Patrícia
Itaibele; Joyce Lombardi; Douglas Peron ; Luciene Carvalho
Músicas : Ebinho Cardoso ; Gerald Thomas
*EXPOSIÇÃO XILOGRAFIA PRETA - Viviane Rocha