O avanço das mídias digitais, como redes sociais, aplicativos e dispositivos móveis, trouxe uma avalanche de informações e mensagens publicitárias. Isso criou um ambiente competitivo em que as marcas lutam constantemente para conseguir um momento de atenção do consumidor.
O paradoxo dessa situação é que, apesar da infinidade de conteúdos disponíveis, a capacidade dos usuários de processar e absorver essas informações é limitada. Com a sobrecarga de mensagens, o consumidor tende a se sentir confuso e cansado, sendo incapaz de focar em todas as informações recebidas.
Como consequência, ele opta por filtrar ou ignorar grande parte das mensagens, o que acaba prejudicando a eficácia das campanhas. Além disso, a concorrência pela atenção não se restringe às marcas. Notificações de aplicativos, vídeos e o entretenimento digital competem com as campanhas publicitárias, tornando ainda mais complicado conquistar e manter a atenção do usuário.
A Economia da Atenção é um conceito que reconhece a atenção humana como um recurso cada vez mais valioso em um mundo cheio de informações. Herbert Simon apontou que, diante da grande quantidade de estímulos disponíveis (anúncios, posts e notícias), a atenção se tornou um ativo essencial que precisa ser administrado com cuidado pelas marcas.
Embora o marketing digital forneça uma ampla gama de métricas, mensurar o impacto real da atenção obtida não é simples como dizem os “gurus” da internet. As métricas tradicionais, como cliques e visualizações, nem sempre refletem o engajamento emocional ou a intenção de compra. Mas, direcionando as campanhas para as pessoas certas, podemos aumentar a chance de sucesso.
Além disso, podemos fazer a divulgação em diferentes formatos, como vídeos curtos, infográficos e posts interativos, possibilitando a criação de conteúdos dinâmicos e envolventes; e ainda utilizar ferramentas de automação para facilitar a personalização das mensagens em larga escala sem tanto esforço.
Para funcionar realmente, é necessário ter boas estratégias, dentre elas, podemos destacar o uso da memória associativa, que visa criar uma campanha impactante que leve em consideração o uso de cores, logotipos e elementos visuais, aliados a uma mensagem clara e emocional.
Essa construção de memória não se limita apenas às campanhas publicitárias, ela precisa estar presente em todos os pontos de contato com o consumidor, desde a embalagem do produto até o atendimento ao cliente. Ao criar uma experiência integrada e coerente, a marca fortalece sua presença e constrói uma vantagem competitiva sustentável.
Portanto, atrair a atenção do consumidor é apenas parte do desafio. O verdadeiro sucesso das marcas, hoje, é conseguir criar um vínculo emocional com os consumidores, assegurando que suas mensagens tenham impacto duradouro e se traduzam em resultados concretos.
Para garantir essa relevância, as empresas devem investir em estratégias consistentes que reflitam seus valores e ofereçam uma experiência integrada. Não é uma questão de sorte, de conseguir “viralizar” conteúdos, atrair mais seguidores (apenas). É mais sobre a jornada descrita pela escritora Clarice Lispector: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho”.
Dayane Nascimento, consultora marketing com formação na UFMT, especialista em planejamento estratégico e economia comportamento pela ESPM/SP e empresária
Fonte:
Rose Domingues Reis
RD Comunicação Estratégica