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Palavra de Profissional Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2025, 15:01 - A | A

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Mundo TEA

Isolamento social no autismo: Entendendo as causas

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O isolamento social é uma realidade dolorosa para muitas pessoas autistas, que frequentemente enfrentam barreiras invisíveis que dificultam suas interações com o mundo ao seu redor. Embora a maioria das pessoas busque naturalmente formas de socializar e se conectar, para aqueles no espectro autista, o processo pode ser marcado por desafios profundos que vão desde dificuldades em compreender as normas sociais até a sobrecarga sensorial.

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Para Fernanda Souza, 30 anos, o isolamento social sempre foi uma parte significativa de sua vida. Diagnosticada com autismo na infância, ela explica: “Sempre me senti deslocada, como se o mundo estivesse em um ritmo acelerado e eu estivesse tentando acompanhá-lo sem conseguir. Isso me fez me afastar de muitas situações sociais, porque eu não sabia como lidar com elas”.

Essa sensação de estar fora de sintonia com os outros é comum entre muitas pessoas autistas. O autismo pode afetar de diferentes maneiras a capacidade de ler e responder aos sinais sociais, como expressões faciais e tom de voz. Além disso, ambientes barulhentos, com muitas pessoas ou estímulos visuais, podem causar desconforto extremo e levar ao afastamento ou ao desejo de ficar sozinho.

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O isolamento social pode ser exacerbado por estigmas e preconceitos. A ideia de que as pessoas autistas são apenas antissociais ou “anti-humanas” contribui para o aumento da exclusão. “As pessoas pensam que eu não me interesso pelas relações, mas a verdade é que eu só não sei como lidar com elas. O mundo exige uma fluência social que, para mim, parece complexa e desgastante”, compartilha Thiago Martins, 25 anos, diagnosticado com autismo na adolescência.

Embora o autismo seja um espectro, o impacto do isolamento social pode ser devastador, contribuindo para sentimentos de solidão, depressão e, muitas vezes, até ansiedade. Para muitos, os desafios de se conectar com os outros são intensificados pela falta de compreensão por parte da sociedade. Isso pode criar um ciclo de retraimento, onde o indivíduo se afasta cada vez mais, sentindo-se incapaz de se inserir nas interações cotidianas.

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O apoio e o acolhimento de familiares, amigos e profissionais de saúde mental desempenham um papel essencial para quebrar o ciclo do isolamento. Terapias focadas em habilidades sociais, como treinamentos de interação e práticas de comunicação, podem ajudar a desenvolver ferramentas que tornam a convivência social mais acessível. No entanto, é fundamental que o foco seja colocado na criação de ambientes inclusivos e respeitosos, onde as diferenças sejam aceitas sem a pressão de “normalizar” comportamentos.

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“É importante ensinar as pessoas a respeitarem os limites dos outros. Para alguém com autismo, estar em um ambiente sem sobrecarga sensorial ou com um espaço reservado para pausas pode ser a chave para começar a se conectar de maneira saudável”, explica Carolina Silva, psicóloga especializada em autismo.

Uma das estratégias para combater o isolamento social no autismo é o envolvimento em atividades que atendam às necessidades sensoriais e emocionais do indivíduo. Atividades como arte, música e até mesmo práticas de mindfulness podem proporcionar um espaço de expressão genuína e ajudá-lo a encontrar formas de se conectar com os outros sem o peso das expectativas sociais.

“Ao longo dos anos, encontrei conforto em grupos de apoio com outras pessoas autistas. É liberador perceber que não estou sozinha em minha jornada e que podemos nos entender sem a pressão de ter que seguir regras sociais convencionais”, afirma Fernanda.

O desafio do isolamento social no autismo não é uma luta solitária, mas uma questão que exige o esforço coletivo da sociedade para criar espaços mais empáticos e compreensivos. Quando o mundo aprende a respeitar e acolher as diferenças, as pessoas autistas podem deixar de se sentir isoladas e encontrar formas significativas de se conectar com os outros, contribuindo para um futuro mais inclusivo e humano para todos.




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