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Cuiabá, 06 de Dezembro de 2024.

Mulher em Destaque Sábado, 31 de Agosto de 2024, 16:21 - A | A

Sábado, 31 de Agosto de 2024, 16h:21 - A | A

Inspiração

Mulher cega se liberta do ostracismo e brinda a literatura mato-grossense

Através da escrita, Michelli Lopes, autora cega, negra e decolonial, em seu primeiro livro "Quando uma mulher descobre o mundo" torna-se uma Inspiração para se romper silenciamentos e viver livre pela escrita.

Divulgação

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Um percurso marcado por desafios significativos, especialmente no que diz respeito à sua expressão pessoal tem marcado a trajetória da escritora Michelli Lopes. Ela superou muitas dificuldades, principalmente transpostas por sua cegueira e na sua jornada de autodescoberta e expressão pessoal, transformou suas experiências em palavras. Ela permitiu que a sua voz ecoasse além das paredes que a cercavam, pois viveu a maior parte da sua vida em um quarto na periferia de Cáceres, e encontrou na televisão e na música fontes de inspiração e escapismo. Essas experiências, embora limitadas fisicamente, pela ausência de perceção visual, alimentaram sua imaginação, permitindo-lhe explorar mundos e narrativas que, de outra forma, não teria acesso.
Michelli destaca que muitas de suas vivências permaneceram no campo do imaginário, o que gerou uma rica tapeçaria de histórias e sentimentos que agora começa a compartilhar por meio da escrita.Um contraste entre a realidade vivida e a imaginação é um aspecto poderoso em sua obra, pois traz à tona a resiliência e a criatividade que surgem mesmo em contextos desafiadores. A transformação de suas experiências internas em palavras é um testemunho da força da narrativa e da capacidade de encontrar voz em meio às adversidades.
Após algumas aulas de redação, Michelli Lopes passou por um processo transformador que começou com lágrimas e culminou em um "desaguar escrevivente". Esse momento de catarse emocional permitiu que suas palavras fluíssem, dando vida à sua escrita.

Divulgação

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A obra é ricamente ilustrada

Cada lágrima e cada sentimento acumulado se transformaram em expressões escritas, revelando não apenas suas experiências, mas também suas reflexões e anseios.

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A metáfora do "desaguar" é especialmente poderosa, pois ilustra como a escrita se tornou um meio de libertação e autodescoberta. As palavras que antes estavam dentro dela, reprimidas ou não expressas, agora ganham forma e significado, abrindo espaço para uma nova narrativa.

Divulgação

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Esse ato de escrever não apenas a conecta com sua própria história, mas também a prepara para compartilhar sua visão de mundo com os outros, criando um diálogo entre suas experiências e as realidades de quem a lê. Assim, a escrita se torna um veículo de transformação e empoderamento, permitindo que Michelli se manifeste plenamente.

A proposta de realizar uma oficina de escrita criativa foi um marco na trajetória de Michelli Lopes, impulsionando-a a materializar o sonho de ter seu "livro de verdade". Essa iniciativa não apenas proporcionou um espaço para a expressão de sua voz, mas também permitiu que ela resgatasse textos que, antes, estavam guardados em um caderno brochura.

Ao revisitar e reinterpretar seus escritos, Michelli encontrou um novo significado em suas palavras, e ao som inspirador de Elza Soares, nasceu a obra "Quando uma mulher descobre o mundo". Esse título reflete a jornada de autodescoberta e empoderamento que a escrita proporcionou a ela.

Através da escrita, Michelli não apenas começou a descobrir o mundo ao seu redor, mas também a explorar suas próprias experiências e emoções. O objetivo agora é que o mundo a reconheça, dando voz à sua narrativa e rompendo os silenciamentos que marcaram sua vida. Essa busca por visibilidade e reconhecimento é essencial, pois cada palavra escrita é uma afirmação de sua existência e de suas vivências, contribuindo para uma representação mais rica e diversificada na literatura.

A proposta de realizar uma oficina de escrita criativa foi um marco na trajetória de Michelli Lopes, impulsionando-a a materializar o sonho de ter seu "livro de verdade". Essa iniciativa não apenas proporcionou um espaço para a expressão de sua voz, mas também permitiu que ela resgatasse textos que, antes, estavam guardados em um caderno brochura.

Ao revisitar e reinterpretar seus escritos, Michelli encontrou um novo significado em suas palavras, e ao som inspirador de Elza Soares, nasceu a obra "Quando uma mulher descobre o mundo". Esse título reflete a jornada de autodescoberta e empoderamento que a escrita proporcionou a ela.

Através da escrita, Michelli não apenas começou a descobrir o mundo ao seu redor, mas também a explorar suas próprias experiências e emoções. O objetivo agora é que o mundo a reconheça, dando voz à sua narrativa e rompendo os silenciamentos que marcaram sua vida. Essa busca por visibilidade e reconhecimento é essencial, pois cada palavra escrita é uma afirmação de sua existência e de suas vivências, contribuindo para uma representação mais rica e diversificada na literatura.

Sobre a obra

"Quando uma mulher descobre o mundo" é uma coletânea vibrante composta por 14 textos poéticos que refletem as vivências e experiências de Michelli Lopes. Cada poema é uma janela para sua alma, expressando emoções e histórias que ressoam com a luta e a esperança feminina. As ilustrações que acompanham os textos são extremamente expressivas, complementando e intensificando a mensagem poética.

Além da versão impressa e do eBook, a coletânea também está disponível em formato de audiobook, que inclui audiodescrição, garantindo que a obra seja acessível a um público ainda mais amplo. Essa abordagem multimodal não só enriquece a experiência do leitor ou ouvinte, mas também amplia o alcance da mensagem de Michelli.

Para aqueles interessados em conhecer mais sobre a coletânea, é possível solicitar uma degustação pelas redes sociais da autora. Essa interação não apenas aproxima o público de sua obra, mas também cria um espaço para diálogos e reflexões sobre os temas abordados nos textos. "Quando uma mulher descobre o mundo" se apresenta, assim, como uma celebração da voz feminina e das experiências que moldam a identidade.
Uma das poesias do
Livro

Amores estranhos

Outra vez ele não me telefonou.
Esqueceu-se de mim, é lógico.
A tortura do que é mágico. O efêmero
me iludiu, me deixou!
Amores tão estranhos que me
aprisionam no nada em que estou
emersa. Recorro aos espíritos para
justificar as palavras que não tenho.
Mas eu preciso de um amor...
Eu preciso de um amor sincero para
viver. Viver. Um amor.
Eu preciso de amor sublime para viver.
Viver. Um amor.
Eu preciso de um amor quê:
-desafie o tempo;
-que me tire o frio da solidão;
-que me traga uma sensação única!

Outra versão da obra

O e-book terá versão impressa por apoio recebido. O prefácio é um verdadeiro presente, escrito com maestria, por Ayo Adeola, professora de Escrita Criativa. A versão adaptada foi gravada por profissionais talentosos da área de comunicação e audiovisual: Mirella Duarte, Yuri Kopcak e o videomaker Pedro. Juntos, eles contribuíram para que a obra ganhasse vida em diferentes formatos, ampliando seu alcance e impacto. A live de lançamento do e-book terá sua primeira ação através da live que terá como participantes: Dra.Alexandra Lima-Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ e Tiago Oliveira de Lima - Vice-Presidente do Instituto dos Cegos de Mato Grosso -ICEMAT/MT. A transmissão será via Instagram @michellilopesescritora no dia 24 de setembro, às 14 horas, horário de Brasília.
O texto da matéria foi redigido a partir de do texto de Ayo Adeola, também responsável pelas ilustrações gráficas.

Ficha técnica

Ayo Adeola (Professora de Escrita Criativa
Ilustrações
Mirella Duarte
Prefácio (e-book e audiobook)
Pedro Mutz
Fotografia e vídeos
Yuri Kopcak
Imagem e Som
Alessandra Andrade
Tradução (Português Libras)
Versão impressa: 2025 

 

Foto Pedro Mutz

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Sobre a autora por ela mesma

Sou Michelli Roberta Lopes . Nasci em
17/02/1982, no município de Cáceres,
em Mato Grosso. Sempre gostei de ou-
vir música desde a minha infância e
ela se tornou a minha companhia. Ou-
vir música me acalma. A música me-
xe com os meus sentimentos.

Divulgação

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Do “Escândalo” de Caetano Veloso
à “Faz uma loucura por mim” vi na
música amizade, amor, desabafo.
Quase uma forma de existir, pois, em meio ao silêncio da minha vida, a música era um “barulho” bom.
Ao completar três anos tive uma doença nos olhos, Glaucoma e pedi a visão.
Eu e minha mãe viajamos para várias cidades procurando tratamento: São Paulo, Brasília.

Foto Pedro Mutz

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´Poém, infelizmente não foi possível reverter o meu quadro.
Além das músicas, eu gostava de assistir novelas e essas experiências foram me fazendo sonhar. Sonhar
em escrever a minha própria história. Atualmente moro com minha mãe e meu sobrinho em uma casa de aluguel, mas tenho planos. Ser aprovada no curso de
Serviço Social na universidade federal, mudar para Cuiabá e continuar escrevendo! Espero que este seja apenas o primeiro entre outros livros.

Divulgação

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