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Cuiabá, 05 de Dezembro de 2024.

Mulher em Destaque Quinta-feira, 28 de Março de 2024, 16:15 - A | A

Quinta-feira, 28 de Março de 2024, 16h:15 - A | A

direitos das mulheres

Defesa dos direitos das mulheres é destaque da terceira edição do Prêmio Megafone de Ativismo

Número de inscritos bate recorde e reúne trabalhos das cinco regiões do país

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Defesa dos direitos das mulheres é destaque
da terceira edição do Prêmio Megafone de Ativismo
Número de inscritos bate recorde e reúne trabalhos das cinco regiões do país
A terceira edição do Prêmio Megafone de Ativismo bateu recorde de inscrições: foram mais de
mil iniciativas em defesa dos direitos humanos e meio ambiente que vieram das cinco regiões
do país. As obras e ações inscritas traçam um perfil das causas que movimentaram o país no
ano passado e mostram como alguns temas ganharam relevância em 2023 - entre eles, a
defesa dos direitos das mulheres. Sete dos finalistas abordam o tema em diferentes categorias.
Na categoria Arte de Rua, a dignidade menstrual levou o coletivo MenstRUA à lista dos cinco
finalistas. Eles produziram mais de 80 lambes que foram afixados em pontos no centro de
Manaus (AM) com o objetivo de chamar atenção para a causa.



 

Na categoria Cartaz, "Até Maria foi consultada para ser mãe de Deus" - utilizado há anos por
Católicas pelo Direito de Decidir, ONG feminista que atua na defesa do Estado laico e dos
direitos sexuais e reprodutivos - é um dos finalistas. A peça foi utilizada novamente no ano
passado, durante o ato pelo Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização
do Aborto, na Av. Paulista, em São Paulo.

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A 7ª Marcha das Margaridas, que reuniu em Brasília mais de 100 mil mulheres dos campos,
florestas, das águas e das cidades, concorre ao prêmio Megafone de Ativismo em duas
categorias: Marcha e Cartaz - um banner de 30 metros de largura na frente do Congresso
Nacional com o tema da Marcha de 2023: "Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver".
Brasília também foi palco de outro cartaz de manifestação que está entre os finalistas do
Prêmio Megafone: “eu resisto pelas que já se foram”, carregado por Krig Si Kaingang como
forma de protesto contra a violência a mulher indígena e qualquer outra mulher. Ela também
usa seu corpo como parte do ato de protesto.



 

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Na categoria Música, uma das finalistas é "Silenciadas" - obra do projeto Gangsta e Poesias que
reúne as vozes de Tuca Lélis, Janaína Jáscone, Lunna Rabetti, Rakel Reis e Dory de Oliveira.
Inspirada por Olympe de Gouges, a letra de traz à luz casos reais de assédio sexual no ambiente
de trabalho, ameaças recebidas pelo término de relacionamentos e, particularmente, o
apagamento da mulher na indústria fonográfica e em determinadas profissões. Por meio
dessas denúncias, o grupo fortalece a reivindicação feminina por espaço e voz, estimulando
outras mulheres a fazerem o mesmo.

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Na categoria Documentário, “Guardiãs dos Rios – Histórias das Margens”representa uma das
iniciativas do projeto "Guardiãs dos Rios", uma colaboração entre a Rede Jandyras e o
Laboratório da Cidade, ambas organizações sediadas em Belém. Sua proposta é realizar um
registro visual da história oral das moradoras do Canal São Joaquim. Além disso, o
documentário visa compartilhar as experiências, desafios, dores e amores vivenciados por
essas mulheres que desempenham o papel de guardiãs no contexto belenense. Essa produção
audiovisual não apenas documenta o passado, mas também serve como uma forma de
sensibilização e divulgação das narrativas das mulheres que desempenham um papel tão
crucial na proteção dos rios em Belém.

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O perfil de quem fez as inscrições também é bastante revelador de quem precisa lutar por seus
direitos no Brasil. Mais de dois terços (67%) foram feitas por pessoas não brancas – percentual
semelhante (63%) às inscrições que foram feitas por mulheres cis e trans. A juventude entre 16
e 30 anos respondeu por mais da metade (56%) das inscrições. E a região da Amazônia Legal,
alvo constante de conflitos, representou 47% do total.
Os trabalhos refletem ainda a criatividade dos ativistas brasileiros, que fizeram uso de
inúmeros recursos audiovisuais – de jingles a lambes, de documentários a cartazes – para
transmitir de forma eficiente e impactante suas mensagens. Também chamou a atenção o
cuidado com a linguagem: embora muitas abordem problemas locais, todas são
compreensíveis por brasileiros de qualquer parte do país.
“O Prêmio Megafone é como um grande holofote que lança luzes na encruzilhada entre o
ativismo e a arte. Além da relevância das causas abordadas, há muita criatividade para tornar
as mensagens atrativas e engajadoras. É essa criatividade, essa emoção, essa garra para lutar
por um país melhor que temos homenageado desde nossa primeira edição, em 2022”, afirma
Digo Amazonas, da equipe de organizadores do prêmio.
Confira a seguir o descritivo demais finalistas:


AÇÃO DIRETA


Em Sapucaia do Sul (RS), um grupo de jovens protestou em frente a uma unidade da empresa
de agrotóxicos BASF. Entoando “Escraviza adoece e mata, a nossa vida e a natureza”, a
juventude denunciou o veneno nos pratos da população e as denúncias de trabalho escravo. A
ação fez parte da 14ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, que trouxe o lema “Combater
o Agro, garimpo e a mineração. Rompendo cercas alimenta a nação!”.
A violência policial foi tema de diversas projeções em Salvador para denunciar a violência
contra os corpos negros na Bahia. A ação fez parte da campanha lançada no dia 11 de
dezembro do ano passado que, a partir de uma Carta Aberta assinada por 63 organizações,
denuncia o crescimento da violência contra a população negra nos territórios urbanos e rurais
do estado. Realização @ceasbahia. Animações/projeção @coletivo.trama
Outra ação direta que concorre ao Prêmio Megafone é a coleta de lixo feita no Rio Negro no
município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Fruto da mobilização da Rede Wayuri de
Comunicadores Indígenas, a ação coletou seis toneladas de resíduos queficaram expostos com
a seca do Rio Negro.
Em João Pessoa (PB), ações diretas como projeções e protesto na rua concorrem ao Prêmio
Megafone: a mobilização Alargamento, não! para impedir o projeto de alargamento das faixas
de areia da orla de João Pessoa – PB, que acabou arquivado.
Em Brasília (DF), a Marcha Nacional do Hip Hop – parte do movimento que pleiteou o registro
do Hip-Hop como patrimônio cultural e imaterial brasileiro – é finalista do Prêmio Megafone
de Ativismo. Ela foi organizada pela Construção Nacional do Hip-hop, uma coalizão de
trabalhadores do hip-hop de todo o Brasil que reivindicou direitos para as pessoas das
periferias e atuantes na cultura hip-hop. O movimento pautou um Decreto de Fomento e
Valorização do hip-hop, o título de patrimônio cultural e imaterial do Brasil, um edital de
Fomento para a cultura pelo MINC, um fórum nacional para a criação de políticas para
mulheres do hip-hop e periféricas.

ARTE DE RUA


No Rio de Janeiro, um grafite defende a indicação de uma mulher negra ao Supremo Tribunal
Federal. Assinado por Airá Ocrespo, a imagem materializa o pedido, mostrando uma mulher
negra trajada como juíza e sentada em uma das características poltronas do STF. Esta é uma
das finalistas da categoria Arte de Rua do Prêmio Megafone de Ativismo.
Outro finalista do Prêmio Megafone na categoria Arte de rua é o mural produzido nas paredes
laterais do prédio do PPGL (Programa de Pós-graduação em Letras) da UFPA (Universidade
Federal do Pará), medindo 315 mt², mostrando o icônico Manto Tupinambá. A obra fica no
Território Mairi, que remonta um período anterior à colonização, quando essas terras ainda
eram habitadas pelos povos indígenas tupinambá, em meados do século XVI. O território era
composto por toda a área que se estende de Belém a São Luiz, pelo litoral atlântico e
banhadas pelo rio Guamá. A obra foi feita pelo artivista And Santtos, artista paraense da cidade
de São Caetano de Odivelas no qual tem sua inspiração, o Odivelismo. A produção desse painel
é um dos resultados de pesquisa de Ivânia Neves (professora, pesquisadora e coordenadora),
falando sobre o território Mairi – Belém. O Manto Tupinambá é uma herança ancestral de
grande importância para garantir a permanência da cultura, memória e cosmologia do povo
tupinambá.
A projeção sobre a luta e resistência popular contra a retirada do trem do Subúrbio de Salvador
(BA) é um dos finalistas do Prêmio Megafone na categoria Arte de Rua. 'Trilhos da Memória
Suburbana: Desenvolvimento para quem?' - criação TRAMA, em parceria
com Victor Brasileiro, Iury Taillan e Henrique Oliveira - destacou o trem como infraestrutura da
vida do Subúrbio Ferroviário de Salvador. Aborda ainda sobre os conflitos e resistências em
torno do desmonte desse meio de transporte coletivo que atendia mais de 15 bairros
populares.
Em Campo Grande (MS), o artista Leonardo Mareco criou um lambe que usa um dos mais
famosos quadros de Debret para mostrar como o passado escravocrata do país ainda se
manifesta nos dias atuais através da uberização.


CARTAZ EM MANIFESTAÇÃO
Vem de Curitiba outro finalista do Prêmio Megafone: o cartaz do movimento Cicloativismo
contra o aumento da tarifa de ônibus
Outro finalista é a série de cartazes feitos na Terra Indígena Nawa, Aldeia Novo Recreio, do
Acre, e carregados por crianças em ato em defesa do direito originário das comunidades
indígenas a suas terras.


CIDADÃO INDIGNADO


A violência policial nas periferias de Vitória (ES) foi tema da contundente fala da dona de casa
Andrea Silva Coutinho, na praça de Itararé, em Vitória, antes mesmo de começar a
manifestação do Dia Nacional de Lutas dos Movimentos Negros Pelo Fim da Violência Racista
da Polícia.
Outra fala de um cidadão indignado que concorre ao Prêmio Megafone vem de Macapá (AP),
onde Yuri Silva, diretor técnico do Instituto Mapinguari, que representa a população em defesa

do clima e das comunidades tradicionais que seriam potencialmente atingidas pela exploração
de petróleo na costa do estado, manifestou-se durante audiência pública sobre o tema,
realizada na Câmara Municipal da capital amapaense.
Do Maranhão veio um pedido de socorro porque as autoridades não estavam ajudando os
guardiões da floresta a apagar o fogo na Terra Indígena Alto Turiaçu, que ardia há mais de um
mês. Poucos guardiões, que adoeceram durante a luta para a qual não receberam nenhuma
ajuda do governo ou de representantes dos mesmos em todas as esferas.
Em Paulista (PE), o movimento Salve Maria Farinha foi às ruas para denunciar o descaso do
poder público com uma importante região do município, prejudicada depois que várias
empresas licitantes abandonaram a obra de saneamento básico na principal rodovia de acesso
às praias. A mobilização chamou a atenção da mídia e das redes sociais e a pressão levou à
recuperação da rodovia.
Em Maceió (AL), a Braskem causou o maior desastre urbano na América Latina, com o colapso
de uma mina que levou junto parte significativa da capital alagoana. Apesar disso,
representantes da empresa pretendiam participar de painéis na Conferência do Clima em
Dubai. Graças à denúncia nas redes sociais, foi gerada pressão suficiente para que a empresa
cancelasse sua participação.


DOCUMENTÁRIO


Um dos finalistas na categoria Documentário no Prêmio Megafone de Ativismo é o curta
documentário “Vítimas indígenas lutam por reparação quatro anos após desastre da Vale em
Brumadinho”. Ele denuncia a continuidade dos crimes da mineração contra grupos indígenas
atingidos pelo crime da Mineradora Vale, na região de Brumadinho (MG), após crime
socioambiental ocorrido em 2019, que matou 272 pessoas e trouxe inúmeros problemas
ambientais para toda bacia do Rio Paraopeba. O documentário, que foi lançado pelo veículo de
mídia norteamericano Mongabay, ganhou proporção nacional e internacional. Na época, o
veículo de mídia independente Mídia Ninja também publicou e o alcance atingiu mais de 1
milhão de pessoas. A repercussão dessa produção contribuiu para fazer pressão para que as
negociações do Ministério Público, FUNAI e os órgãos responsáveis ganhassem celeridade na
justiça. Já houve negociações recentes e em breve o recurso de reparação e compensação
financeira vai sair para os territórios e grupos indígenas Pataxó atingidos.
Outro finalista é “Relatos de uma Guerra”. Na busca por retomar seus territórios tradicionais no
Mato Grosso do Sul, indígenas Kaiowa e Guarani têm sido vítimas de violentos ataques
organizados por fazendeiros e forças policiais. Entre 2019 e 2022, incentivados pelo projeto
anti-indígena do presidente Jair Bolsonaro, os agressores intensificaram esses ataques,
elevando a tensão nas retomadas a níveis alarmantes. Esse documentário percorreu alguns dos
territórios mais atacados nesse período para ouvir os relatos dos sobreviventes e reconstruir
parte dessa história de violência que transformou a região em uma das áreas mais conflituosas
do Brasil.
Do Ceará vem outro finalista da categoria Documentário do Prêmio Megafone: Clima de
Urgência. O documentário aborda a vida e resistência do povo indígena Anacé de Caucaia, com
depoimentos de cientistas e indígenas, diante da invasão de seus territórios por grandes
projetos de termelétricas.
Finalista na categoria Documentário, “Um Cochicho à Resistência” retrata a luta em defesa da
Ilha de Boipeba e suas comunidades contra mega empreendimentos turísticos-imobiliários. A obra traz relatos e visões de 13 moradores com diferentes idades, mesclando paisagens
incríveis, tradições, atividades extrativistas e histórias que perpassam a história do Brasil nos
últimos 500 anos. Quilombolas e comunidades tradicionais, praticam a pesca, a agricultura e
vivem a natureza de forma intrínseca. Praticam capoeira, religiões e danças afro-brasileiras.
Boipeba abriga uma das porções mais preservadas de Mata Atlântica. Parte do arquipélago de
Tinharé, a Ilha de Boipeba é um dos principais pontos de turismo ambiental do Brasil.
Atualmente, o nordeste sofre por uma “corrida pela terra” por meio da privatização de terras
públicas. Um projeto turístico-imobiliário visa ocupar 20% da Ilha de Boipeba. Além de
atropelar diversas legislações ambientais, impactará a vida dos povos tradicionais e da floresta.
Se bem sucedido, abrirá precedentes para que outros de mesma proporção aconteçam na ilha.


FOTO
Uma indígena segurando uma bandeira do Brasil manchada de vermelho com urucum, em
alusão ao sangue derramado desde o início da colonização em um violento processo de
apropriação de terras e destruição de povos e culturas – esta é uma das finalistas na categoria
Foto do Prêmio Megafone de Ativismo, em clique de Juliana Duarte, de Brasília (DF).
Vem do Amazonas a inscrição da imagem captada por Edmar Barros, de centenas de peixes
mortos no RDS Lago do Piranha, em Manacapuru (AM), devido à falta de oxigênio e às altas
temperaturas da água – e que está entre os finalistas da categoria Foto.
A imagem de moradores de rua usando as entradas de banheiros públicos masculino e
feminino para dormirem na noite paulistana é outra finalista da categoria foto. A imagem foi
clicada por Leila Ferraz, do coletivo GAS.
O retrato do combate ao fogo feito pela brigada voluntária formada por indígenas do
Maranhão é mais um finalista da categoria Foto do Prêmio Megafone. A imagem de Geniilson
Guajajara mostra tanto a força de vontade de continuar na proteção territorial como a solidão
nessa luta, desfalcada de amparo estatal.
Weslley Souza, de Cametá, no Pará, é autor das imagens do ato político "Banzeiro das Atingidas
do Baixo Tocantins: Em defesa da Amazônia, das água e da vida", que estão entre os finalistas
da categoria foto do Prêmio Megafone.


JOVEM ATIVISTA
Ameaçado de morte por denunciar a exploração de madeira ilegal nos órgãos ambientais que
acontece no Assentamento PAE Lago Grande em Santarém (PA), Darlon Neres dos Santos é um
dos finalistas da categoria Jovem Ativista do Prêmio Megafone.
Do Rio Grande do Norte vem outro finalista da categoria Jovem Ativista do Prêmio Megafone:
Heloíse Almeida, líder da região Nordeste do movimento Amazônia de Pé. Ativista climática no
movimento das juventudes pelo clima Fridays For Future Mossoró, que realiza ações de
incidência no semiárido nordestino, Heloíse foi multiplicadora da Campanha Cada Voto Conta,
que incentivou 5 mil adolescentes entre 15 a 18 anos a tirarem o título de eleitor durante o ano
de 2022.
Outro jovem ativista que concorre ao prêmio Megafone é Luana Maria - jovem travesti de
Pernambuco, vindas periferias do Recife, que atua com comunicação e tecnologia Também do Nordeste vem outro finalista da categoria Jovem Ativista do Prêmio Megafone: Bia
Souza, que se apresenta como fotógrafa marginal, pois desenvolve a arte do olhar sobre as
favelas.
Entre os finalistas da categoria Jovem Ativista, uma é jornalista: Hellen Lirtêz, mulher
afro-indígena nascida no Acre que construiu sua carreira na área socioambiental.


MARCHA


O protesto da população alagoana nas ruas de Maceió denunciando as ações criminosas da
petroquímica Braskem é uma das finalistas do prêmio Megafone na categoria Marcha.
Amplamente divulgado pela imprensa em sua fase mais critica, que exigiu a remoção de
milhares de pessoas de suas casas, o acidente ambiental provocado pelas atividades da
Braskem na capital alagoana já era denunciado há décadas pelos moradores. Neste protesto, a
população seguiu em direção à Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, onde reivindicou
realocação digna dos moradores que estão na área de risco, revisão dos contratos de
indenização e cobrança dos órgãos de controle institucional que possam investigar a Braskem.
No Dia Mundial da Água do ano passado, o Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB) em
parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizou uma barqueata – que é uma
das finalistas na categoria Marcha do Prêmio Megafone. A ação percorreu por rio o trajeto
entre a Vila de Carapajó, em Cametá (PA), até a comunidade Praticaia, onde foi realizado um
encontro com o objetivo de denunciar a violação de direitos das mulheres atingidas, fortalecer
a organização e luta por direitos e em defesa da Amazônia, fazendo resistência à projetos de
morte como a construção da hidrovia Tocantins-Araguaia. O Encontro de Mulheres do Baixo
Tocantins que aconteceu teve como lema - “Banzeiros das atingidas do Baixo Tocantins: Em
defesa das Águas e da Vida”.
Outro finalista na categoria Marcha é a manifestação feita durante a 34ª Semana Chico
Mendes. Os participantes caminharam pelas ruas de Xapuri, da Casa de Chico Mendes até o
seu túmulo, entoando gritos como Chico Vive, Floresta em Pé! Algumas paradas foram feitas
para que amigos em vida de Chico fizessem suas falas sobre a vida e seu legado.
Nos Arquipélagos do Bailique e do Marajó, a realidade da crise energética é uma luta diária
para as comunidades locais. A falta de acesso à eletricidade é um problema sério que afeta a
vida de todos, sobretudo das mulheres de comunidades tradicionais. Por isso, essa ação foi
desenvolvida juntamente com as mulheres dos Arquipélagos do Bailique e Marajó, tendo por
inspiração a organização Guardiões do Bem Viver. Ela faz parte da de uma campanha
denominada "Te liga, comadre! Mulheres por energia popular" desenvolvida por três
organizações da Amazônia que trabalham com comunidades, energia, clima e racismo
ambiental: Coletivo Utopia Negra Amapaense, Observatório do Marajó e Associação Gira
Mundo. O rabetaço foi um apelo para que todos reconheçam a realidade dessas comunidades
e apoiem seus esforços por uma solução justa e participativa na luta contra a crise energética.


MEME


Walter Oliveira da Silva, indígena de Santarém (PA) é autor da sátira ao filme Barbie que
destaca a importância do reflorestamento como medida de combate à crise climática.
Fernando Henrique de Souza Barreto, da cidade de Paulista, em Pernambuco, gravou um vídeo
ironizando a situações que acontecem após 15 minutos de chuva para chamar a atenção para o
problema do saneamento básico na cidade. Do perfil Militante Cansado, de Belém (PA) veio o meme de humor ativista, criticando a
superficialidade com a qual a questão ambiental é tratada por algumas pessoas, a partir de
imagem do BBB.
Por meio de um diálogo baseado nas corriqueiras reclamações sobre o tempo, este vídeo de
Rita de Cássia Alfaia Dantas, de Manaus (AM) alerta para a crescente inconstância do clima.
De Belém (PA) vem o meme do Zé - José Kaeté ou Zé na Rede é um jovem indígena
comunicador que usa do bom humor nas redes sociais para trazer reflexões sobre amazônia,
povos originários e ativismos. Baseado nos tradicionais diálogos das centrais de atendimento,
ele denuncia não só a dificuldade de acesso ao governo para falar de meio ambiente como
também a maior atenção dada a ativistas do Sudeste em detrimento dos ativistas locais.


MÚSICA


Um dos finalistas da categoria música do Prêmio Megafone de Ativismo é o remix do Brasil do
Cocar, feito pelo DJ Zek Picoteiro e pela APIB e integrando falas poderosas de, Celia Xakriaba e
Txai Suruí sobre a importância de derrotar a tese do Marco Temporal e a importância da
demarcação de terras indígenas.
Outra música finalista é o jingle "Mar de Lágrimas" - samba criado para incentivar a
mobilização de comunidades que podem ser impactadas pela Oferta Permanente de Blocos de
Exploração de Petróleo da ANP. A diretora de arte e editora do clipe, Renata Jurkevicz Sembay,
de Curitiba (PR), relata que a ação obteve grande adesão de quilombolas e indígenas, além da
mobilização nas redes sociais, e conseguiu com que apenas um terço dos 603 blocos
disponíveis no leilão de petróleo fossem arrematados e 196 com sobreposição a territórios de
povos tradicionais e unidades de conservação foram litigados pelo Instituto Arayara, pedindo a
sua retira da Oferta Permanente da ANP.
Maya Dourado e Matheus Venícios são os autores de “O Brasil é Terra Indígena, nosso povo
resiste, não a nada que nos pare!” Maya é estudante de artes cênicas/teatro, compositora e
vocalista da banda acreana ZINGARE, atriz e a primeira poeta a ganhar o Slam das Minas Acre,
artivista e professora de violão/ukulele. Matheus é interprete e compositor e integra o grupo
Balseiro, do Acre.
Outro finalista na categoria Música do Prêmio Megafone é o clipe "O Grande Irmão" da banda
pernambucana Sargaço Nightclub, que critica a excessiva vigilância digital sobre as pessoas.


PERFIL DE REDE SOCIAL


Um dos finalistas do Prêmio Megafone na categoria Perfil de Rede Social é Leandrinha Du Art.
Esta influenciadora digital de Minas Gerais atua também como fotógrafa, produtora, blogueira
e comunicadora. É militante nas causas das pessoas com deficiência e pessoas LGBTQIAPN+.
Vem de Colombo (PR) outro perfil de rede social finalista do Prêmio Megafone: EcoBarreira.
Ele conta a trajetória ambientalista de Diego Saldanha, que há alguns anos percebeu que o rio
que passava perto de sua casa estava cada vez mais poluído. Para solucionar o problema, em
2016 ele criou uma barreira flutuante, que retém os resíduos. Estima-se que, sozinho, ele já
tenha retirado mais de 10 toneladas de lixo das águas do Rio Atuba. 

Outro finalista na categoria perfil de rede social é o Instituto Mapinguari. Esta organização não
governamental de Macapá (AP) atua desde 2015 apoiando e executando ações de defesa,
preservação e conservação do meio ambiente, bem como incentivando a promoção do
desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua rede social comunica os diversos trabalhos
incríveis que o instituto executa.
Também concorre ao prêmio Megafone o perfil em redes sociais da COIAB - Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira. Criada há 34 anos para unir e fortalecer a
Amazônia Indígena, a COIAB usa suas redes sociais como um hub com recursos para as
populações que representa, notícias, mobilização e captação de recursos.
Um dos finalistas na categoria Redes Sociais do Prêmio Megafone é do Rio Grande do Sul.
Trata-se do Crioula Curadoria Alimentar, por meio do qual sua criadora, Bruna Crioula,
promove a educação política alimentar respeitando a ancestralidade africana, defendendo a
integração da alimentação saudável à pauta do movimento negro.

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REPORTAGEM


O trabalho de investigação do projeto De Olho nos Ruralistas mostrando as atrocidades
ambientais cometidas pelo atual presidente do Congresso nacional, Arthur Lira, é um dos
finalistas na categoria Reportagem do Prêmio Megafone. Donos de 20 mil hectares, ao lado dos
Lira, os Pereira criam gado em terra indígena e vendem carne para prefeituras controladas pela
família; relatório “Arthur, o Fazendeiro” revela violências, despejos e uso político sistemático da
máquina pública.
Outro trabalho finalista é a matéria que descreve como foi a realização da primeira ballroom
indígena da Amazônia, uma noite de celebração e exaltação da cultura originária LGBTQIAPN+.
De autoria de Nicoly Ambrósio, a reportagem foi publicada na Agência de Jornalismo
Independente Amazônia Real.
Outra reportagem especial finalista é de Karina Costa de Andrade, publicada no site Conquista
Repórter. O trabalho aborda os impactos do fechamento de 14 escolas quilombolas desde
2018 em Vitória da Conquista (BA). Em todas as histórias ouvidas pela jornalista, um traço em
comum: a falta de diálogo da Secretaria Municipal de Educação com as comunidades
quilombolas. A própria jornalista enfrentou dificuldades, pois não obteve, do poder público, as
informações solicitadas pela Lei de Acesso à Informação.
A cobertura da Operação Escudo para a Ponte Jornalismo, Agência Pública e Intercept Brasil é
outro finalista do Prêmio Megafone. A jornalista Agnes Sofia Guimarães foi em busca de
informações que permitissem entender as diversas violações de Direitos Humanos que
ocorreram nos 40 dias da operação, inclusive a derrubada de casas ocorrida três dias após
moradores do bairro Perequê terem ido às ruas protestar pela morte de Willians dos Santos
Santana, encanador que foi morto pela polícia dentro de casa.
O trabalho de reportagem feito pela APIB para explicar a falácia da tese do marco temporal é
outro finalista da categoria Reportagem. Embora o resultado final não tenha sido publicado
em um veículo de imprensa, mas no próprio site da associação, trata-se de trabalho notável de
apuração e de redação em linguagem clara e acessível.




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